Cansados de uma discussão cuja razão já não se lembravam, pararam percebendo que já só trocavam acusações para marcar pontos, como se tratasse de um jogo. A razão da discussão nunca tinha sido verdadeiramente aflorada. Um pretexto (como tantos outros) tinha sido o suficiente para acender o rastilho. Valeu-lhes o que sentiam pelo outro (Ou pelo menos o que ainda acreditavam sentir pelo outro) para perceberem o que estavam a fazer. Tal como se escondiam atrás das palavras ditas para não dizer as que sentiam, também se calaram tacitamente quando se olharam um num outro e pararam para não pensar (Se demorarmos o tempo suficiente só a pensar, conseguimos pensar em qualquer coisa, mesmo que não acreditemos nela ou que seja mesmo impossível. Basta que fiquemos entregues a nós próprios o tempo suficiente). Conseguiram ver o mal que estavam a causar um ao outro. Sentaram-se.
-Como é que isto começou?
-Sei lá... Se não fosse uma coisa, seria outra. Já é sempre assim. Estou cansado de andarmos sempre nisto.
-Também eu.
Os olhares largaram-se e houve mais uma pausa.
-Às vezes agarro-me às memórias. Trago-as para aqui para não me sentir tão perdida.
-Também eu. As memórias são importantes, mas não podem ser tudo. Nós estamos é aqui.
-Pois é... O que é que ficou pelo caminho?
Ele riu-se com alguma vontade mas apenas durante breves instantes.
-Essa pergunta parece saída de um dramalhão piroso.
Riram-se os dois com alguma vontade mas apenas durante breves instantes.
-Eu sei, eu sei... Nós estamos num dramalhão piroso, não é? E a pergunta faz sentido, eu sei que faz.
-Estamos os dois diferentes. Eu acho.
-Também acho que sim. É natural, não é? Ninguém permanece na mesma ao longo do tempo. Não pode ser por isso.
-Não, mas... Se calhar desistimos de nos ir conhecendo. A magia estava aí, não era? Deixávamo-nos surpreender. Era uma descoberta...
-É o que trazemos para aqui nas memórias, não é?
-É.
A consciência de que algo se tinha perdido, de que havia momentos que não tinham sido aproveitados deixou-lhes um peso no peito que os calou e só os olhos conseguiam falar. Apesar da sua contenção, já murmuravam lágrimas (O corpo em que vivemos sente tudo o que sentimos). Ele levantou-se e sentou-se ao lado dela abraçando o seu perfil. Sentia o que sentiu quando o viu pela primeira vez. A vontade de o rever sempre. Ela tombou a sua cabeça sobre a dele para lhe sentir o calor do seu hálito e completar o abraço que ele lhe dava (Sentir o calor de outro corpo é partilhar a intimidade).
Baixinho, para que só ele ouvisse naquela sala vazia, ela perguntou.
-Estamos aqui, não estamos?
-Estamos.
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